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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Franciscanos e Wesleyanos: Movimentos de Santidade


Francisco não gostava da nomenclatura “Franciscano”. Preferia o nome “Imãos Menores”. Wesley também não adotou o nome de Wesleyano para o seu movimento. Com relação ao nome metodista chegou a dizer: “Eu ficaria contente se o próprio nome metodista não voltasse a ser mencionado jamais e fosse sepultado em eterno esquecimento”.
Francisco renunciou a liderança de sua própria Ordem. Wesley também disse: “Pouca é a minha ambição de ser o cabeça de uma nova seita ou partido”.


Francisco viveu a conversão na prática. Lutou para poder viver o Evangelho no cotidiano e praticar literalmente o Evangelho do Senhor Jesus. Wesley também ensinava que a conversão a Jesus é comprovada pela prática, e não pelas emoções do momento.

Francisco reuniu 12 discípulos e deu início ao seu movimento de Reforma. Valorizou os pregadores leigos. O movimento franciscano ficou organizado em: 1) Irmãos Menores (Primeira Ordem) que saiam pelo mundo de dois a dois pregando o Evangelho (maioria leigos); 2) Ordem das Clarissas (Segunda Ordem). Liderada por Clara que ficou num convento em São Damião e iniciou um movimento de oração e intercessão pelos Menores e pela Reforma e Santidade da Igreja, e a 3) Ordem Secular (Terceira Ordem) foi formada por irmãos e irmãs que viviam o Evangelho de Jesus no cotidiano secular e sustentava a missão dos Menores pelo mundo. Francisco, como leigo, pregava para multidões e exortava a conversão na prática valorizando o trabalho leigo. Wesley também valorizou os pregadores leigos que participavam lado a lado com os clérigos da Missão de evangelização, assistência e capacitação de outras pessoas.

Francisco ressaltava a importância da relação pessoal com o Cristo. Questionado sobre o conhecimento teológico, ele disse, perto de sua morte: “Não preciso conhecer mais nada. Já descobrir que meu pobre Jesus Cristo morreu na Cruz”. Wesley também afirmava que o centro da vida cristã está na relação pessoal com Jesus Cristo. “É Jesus quem nos salva, nos perdoa, nos transforma e nos oferece a vida abundante de comunhão com Deus”.
Francisco foi convidado a viver como monge. Alguns padres e bispos acharam que a vontade de Deus para Francisco fosse a vida contemplativa isolada do mundo, num mosteiro. Clara só ficou isolada no convento por causa das exigências sociais e preconceitos da época. Francisco queria viver o Evangelho com o próximo, na vida, nas ruas, junto dos necessitados e empobrecidos. Wesley também reconheceu a necessidade de se viver o Evangelho comunitariamente no mundo. João Wesley afirmou com relação a vida contemplativa e isolada que "tornar o Evangelho em religião solitária é, na verdade, destruí-lo".
Francisco se preocupou com os leprosos e pobres. Não apenas investia em suas vidas espirituais, mas cuidava dos enfermos e recolhia comida para os pobres. Wesley também se preocupou com o ser humano total. Para Wesley, os seguidores de Cristo devem cuidar do próximo integralmente, principalmente dos necessitados e marginalizados sociais.
Francisco foi ao Papa solicitar a autorização para viver o Evangelho e pregar o Evangelho. Não desejava ser rico. Desejava apenas poder comunicar o Evangelho ao próximo, principalmente os excluídos da igreja. Wesley também enfatizou a paixão pela evangelização. Dizia: “Desejamos e devemos trabalhar com paixão, perseverança e alegria para que o amor e a misericórdia de Deus alcancem homens e mulheres em todos os lugares e épocas”.
Francisco não rompeu com sua igreja. Até porque isso poderia lhe levar a morte como herege. Mas também porque tinha um grande amor pela igreja. Não desejou destruí-la, mas transformá-la. O movimento Franciscano primário foi um movimento de Santidade e renovação dentro da Igreja medieval. Wesley também não deixou sua amada igreja Anglicana. Morreu anglicano. Não sonhava em fundar uma nova seita (denominação cristã). Seu sonho era transformar a igreja através da vida em santidade.
Francisco conhecia, que em Cristo, ele tinha poder de Deus para ser testemunha e instrumento para a transformação dos homens. A experiência com Deus tirava todo o medo. Francisco dizia: “O que você tem a temer? Nada. Quem você precisa temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder, embriaguez sem vinho e vida sem morte." Francisco cria que a verdadeira vida Cristã está na mudança de vida e no relacionamento com o próximo. Palavras somente não convenciam Francisco. Ele dizia: "Já foi o tempo em que acreditei em palavras." Wesley também pregava a necessidade de uma experiência pessoal com Deus. Sua experiência pessoal com Deus poderia ser instrumento para atrair novas vidas a Cristo. Ele dizia: "Eu me coloco em chamas, e o povo vem para me ver queimar."

Francisco abalou o mundo de sua época e até hoje seu testemunho é uma influência positiva nas vidas dos cristãos. Foi considerado a maior personalidade do segundo milênio, segundo uma pesquisa da Time. Wesley também é considerado por diversas igrejas cristãs, como um ícone que restaurou a necessidade da experiência de santidade e a evangelização integral. Wesley conhecia o poder de Deus que pode transformar o mundo através do testemunho. Wesley dizia: "Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo."

Francisco não aceitou ficar preso a um convento. Ele disse: “O mundo é o meu convento”. Wesley também não aceitou ficar preso a uma paróquia. Após ser impedido de pregar na igreja de seu pai, Wesley disse: "o mundo é a minha paróquia".
Para Francisco Deus era seu tudo: "Meu Deus é meu tudo." Todas as pessoas e toda a criação de Deus precisam ser amadas e respeitadas: Francisco dizia: "Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem. Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida." Na obra de Deus e na relação com o próximo, Francisco dizia: "Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estará a fazer o impossível." "Devemos aceitar com serenidade as coisas que não podemos modificar, ter coragem para modificar as que podemos e sabedoria para perceber a diferença.” Wesley também via como obrigação espiritual e moral estender a mão para o próximo que sofre e carece do nosso auxílio. Wesley dizia: "Faça todo o bem que puder, de todas as formas, a todas as pessoas, enquanto for possível."

Conclusão:


Tanto Francisco quanto Wesley foram instrumentos de Deus para a sua geração. Desejamos ser instrumentos de Deus para a nossa geração?


Como metodistas, devemos ver e aprender com a caminhada de cristãos e cristãs da história da Igreja. Aprender com Wesley e aprender com outros irmãos e irmãs que viveram e testemunharam a santidade bíblica. O próprio Wesley valorizava a tradição cristã e o testemunho deixado por discípulos e discípulas na história da igreja.


Podemos hoje ler a história da igreja sem preconceitos e sem medo. Não importa se o/a discípulo/a de Deus foi ortodoxo, católico, protestante ou pentecostal. Importa como ele foi aos olhos de Deus. Como dizia Francisco: "Um ser humano vale o que ele é aos olhos de Deus e nada mais."

Com amor. Paz e Bem. Graça e Paz.

 

 
Bibliografia usada e recomendada:


LEITE, Deodato Ferreira. Francisco Cantor da Paz e da Alegria. São Paulo: Paulinas, 1964.

LELIÈVRE, Mateo. João Wesley. Sua vida e Obra. São Paulo: Vida, 1997.


LARRAÑAGA, Inácio. O Irmão de Assis. São Paulo: paulinas, 2007.


HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. Rio de Janeiro: Pastoral Bennett, 1996.


SILVEIRA, Frei Ildefonso. Org. São Francisco de Assis. Escritos e biografias de São Francisco de Assis, Crônicas e outros Testemunhos do primeiro século franciscano. 9ª Edição. Petrópolis: Vozes, FFB, 2000.

BURTNER, Robert, CHILES, Robert. Coletânia da Teologia de João Wesley. Rio de Janeiro: Pastoral Bennett, Igreja Metodista, 1995.

ALVES, Mary Emmanuel. São Francisco de Assis. São Paulo: Paulinas, 2008.


JENNINGS, Daniel R. The Supernatural Occurrences of John Wesley, Oklahoma City: SEAN Multimedia, 2005.


Jovens corajosos que buscam a vontade de Deus...




 
A experiência com o amor de Deus em nossa casa de formação de aspirantando, tem nos levado a encontrar o sentido de nossa vocação que é a união com Deus. É por meio desta união que iremos doar nossas vidas, com um amor desinteressado ao próximo tal como o Senhor .




Na primeira carta de são João está escrito: "nós amamos porque Deus dos amou primeiro" 1 joão4,19 . É porque Deus nos amou por primeiro que estamos descobrindo que o amor deve ser à base de uma vocação. Vocação que se baseia na entrega gratuita de si mesmo fazendo da própria vida um dom ao próximo. Assim vivendo um amor sem medidas que tem sua fonte o próprio Senhor estaremos sempre buscando o essencial que é Deus. É unidos a Deus que por sua vez é amor como nos descreve o mesmo evangelista, que daremos os frutos necessários de uma vocação autentica e convicta mesmo em meio as adversidades que encontramos dentro do contexto atual da sociedade.




A experiência com o amor Deus por sua vez nos desinstala do nosso amor próprio e nos leva adiante ao encontro do próximo, onde estaremos não amando da nossa forma muitas vezes egoísta mas segundo o coração de Deus. Este amor será sadio e gerará frutos na vida dos que estão ao nosso redor, em nossa casa fraterna por exemplo ,os irmão que moram conosco (que tiveram suas vidas dilaceradas nas ruas), nosso irmão fraterno, enfim, todos os que se aproximam de nós.




A você leitor que busca ser diferente vamos juntos investir no amor e permitir que nossa vocação seja ela qual for, faça a diferença em meio à sociedade, não fixemos nossa vida apenas no fazer algo para ser digno de honra, mas sejamos homens novos com a consciência de que fazer da vida um dom ao outro é a melhor decisão que devemos tomar.
















João Paulo, 21 anos.

Mora em Planaltina/DF

"Na verdade não foi bem um escolha minha, mas sim de Deus! Aos poucos foi me guiando até esse carisma maravilhoso de acolhimento aos pobres e adoração ao Santíssimo Sacramento.

Depois da minha conversão, Deus me deu um presente maravilhoso: a coordenação de um grupo de jovens. Mas eu estava estava em uma caminhada ainda recente, pois só havia seis meses de entrega total a Deus. Por esse motivo não conhecia nenhuma congregação e nem ao menos me imaginava como religioso.

Com essa imaturidade e com uma coordenação em mãos, passei a ter muitas dificuldades em levar esse grupo adiante. Estava desacreditado em Deus... até que em Brasília aconteceu o Congresso Eucarístico.

No segundo dia deste Congresso, teve a vigília com os jovens. Nesse momento, com o Santíssimo exposto, os bispos chamaram todos os jovens para perto de Jesus Eucarístico. Eu me aproximei e comecei a reclamar com Deus...falar dos meus problemas, das dificuldades que estava passando.

Depois que eu desabafei, com o coração mais tranquilo, eu pedi a Deus para fazer apenas a vontade dele. Mesmo que eu não viesse a entender. Nesse momento eu tive uma visualização onde me vi com vestes franciscanas e ao para os lados, estava cerdado por irmãos e irmãs da Toca de Assis.

No momento eu não gostei, achei até horrível... mas com o tempo pude conhecer um pouco melhor sobre o carisma e a vida que esses pequeninos levam. Me apaixonei de uma forma tão grande que até nos momentos mais turbulentos da minha vida não consigo de me imaginar um 'toqueiro'.

Abraços fraternos a todos."

Pedimos a sua oração por tantos outros jovens que assim como o João Paulo buscam discernir a vontade de Deus.
E você, tem essa coragem? Não tenhas medo!





Paz e Bem.

A Resposta Católica: “Formas de penitência e suas razões”

O corpo humano pode ser comparado a uma criança mimada, aquela que deseja ter todas as suas vontades satisfeitas e, mesmo que isso ocorra, ela ainda é irritadiça, preguiçosa e indolente. Assim é o ser humano, assim é o corpo humano. Quanto mais come, mais letárgico fica; quanto mais dorme, mais sono tem; e assim por diante. Trata-se da primeira consequência do pecado original, da mãe de todas as doenças: a filáucia, que pode ser definida como o amor de si contra si e cujo lema é “foge da dor, busca o prazer”.







Esse lema está muito presente na sociedade moderna, que incentiva a busca desenfreada pelo prazer, pela satisfação de todos os desejos, representado pela “liberdade”. Enquanto isso, o ser humano se torna cada vez mais vazio e menos resistente à dor. Não suporta ser contrariado e se desestrutura quando perde algo ou alguém. Pudera, não foi ensinado a isso, não exercitou a moderação, não praticou a ascese e a disciplina.






O tempo da Quaresma está chegando. A Igreja ensina e estimula o católico a praticar o jejum, a oração e a esmola. Essas três formas de penitência são um remédio para o combate das doenças espirituais, sendo que o jejum auxilia no combate à gula, a oração no combate ao orgulho e à soberba, e a esmola no combate à avareza. São exercícios que, se feitos com seriedade, têm a capacidade de arrancar o cristão católico das garras do relativismo que domina o mundo atualmente.






sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A oração de Jesus no Getsêmani

Iniciamos na quarta- feira de cinzas a quaresma, convocando-nos a uma caminhada de 40 dias de preparação para a Páscoa. Nesta ocasião, somos convidados nestes 40 dias a experimentar o deserto. Neste caminho de peregrinos, marcados como o povo da “nova Israel” a caminho da libertação, queremos que este tempo quaresmal seja-nos rico de conversão e experiência com a presença do Senhor.

É no deserto que os profetas e o próprio Jesus de Nazaré fazem suas mais ricas experiências com Deus. A oração, o jejum e a caridade são os pilares que sustentam a trajetória de uma humanidade sedenta e frágil na caminhada de fé. Por isso, tantas vezes, na quaresma, por não entendermos ou não arriscarmos a uma renovação interior permanecemos a mercê de uma “quaresminha” formulada de ritos mesquinhos onde não se come isso, onde não bebe aquilo e não se veste desta ou daquela maneira. Celebrar a quaresma em plenitude é iniciar uma ebulição interna, é penitenciar-se a partir do coração, conscientizando-se que “o que torna o homem impuro é o que sai dele e não o que entra”.
Ao experimentarmos o deserto interior somos interpelados a uma serena transformação, ao desnudar-se, o abrir-se a graça misericordiosa do Senhor. Assim, nesta trajetória de conhecimento interno de si, compreendemos que o nosso maior tesouro é oferecer aquilo que temos dentro de nós, saindo de nossa hipocrisia, de nossos testemunhos não vividos, de nossa bonita teoria. Portanto, é preciso ter muito amor “dentro” para poder oferecê-lo, ter fé para senti-la e diálogo para ser praticado.
Deste modo, a maior graça que poderemos ter nesta quaresma é vivenciarmos com autenticidade o nosso deserto interior, e, a oração, é o fundamento desta conquista. A oração de Jesus no Getsêmani, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” é a oração que somos chamados a rezar, buscando compreendê-la em sua consumação. Este grito de Jesus transfigura-se no grito de todos os vencidos e sofridos da história, os quais, marcados por dores profundas, sentem-se abandonados inclusive por Deus.
A predisposição de Jesus convida-nos a entender que nem sempre o sucesso é sinal de ação divina e nem sempre o fracasso é condenação. Por isso, no caminho da cruz, preserva-se o anúncio do Reino calculado pelo preço da fidelidade à condenação e a morte. Esta morte de Jesus ilumina toda a vida do profeta de Nazaré. A oração de vigília de Jesus, no jardim do Getsêmani, faz do profeta, preparado para a missão. Ele já sabia que esta caminhada seria árdua e pressupunha conflitos os quais poderiam desembocar na morte. Não teve medo.
Laços foram cortados, houve tortura. A solidão é experimentada: os amigos mais próximos não puderam vigiar nem sequer uma hora. O sono dos discípulos revela a indiferença de todos. Jesus sente tristeza, solidão, a rejeição e o abandono. Houve desejo de fuga e por edificar a civilização do amor o cálice de dor não fora afastado de si e Ele opta pela escolha dura, buscando a fidelidade até o fim. Ainda no jardim do Getsêmani a cruz é vivida de forma nua e crua e aparentemente Deus está calado, silencioso e ausente. O vazio tremendo vivido por Jesus é experimentado em muitas ocasiões de deserto, e nestes momentos renova-se as energias para prosseguir.
Confrontando a oração de Cristo no Getsêmani com as nossas orações, somos chamados a perceber quais são os apelos de Deus em nossa vida. Vivendo a nossa missionariedade cristocêntrica somos convidados através da oração cotidiana a rezar a própria vida, com seus acontecimentos, alegrias, tristezas, conflitos e esperanças. E, em atitude orante, na vigilância, somos convocados a experimentar a oração de Jesus no Getsêmani no hoje de nossa sociedade.
A vigília é o tempo do combate interior. O que Deus quer não é a morte dos Filhos, criaturas esmagadas pela dor e sofrimento. A vontade de Deus é que seus Filhos sejam firmes no testemunho até o martírio. Contudo, o testemunho e a palavra que querem converter as pessoas precisam enfrentar a indiferença, a ironia, o medo, a resistência e a perseguição. Que a oração de Jesus no Getsêmani seja para nós modelo de ousadia evangélica, fazendo-nos sempre disponíveis e abertos a vivência de uma entusiasmada descoberta interior.









A você uma santa e abençoada quaresma!

São Francisco e a Quaresma




Iniciando este tempo forte de conversão, convidamos todos a buscarem em Francisco de Assis inspiração para um processo de profunda conversão. São Francisco e a Quaresma



Extraímos de uma biografia do Santo um relato de como ele realizava sua quaresma. Boa leitura para todos!




Como S. Francisco fez uma Quaresma em uma ilha do lago de Perusa,
onde jejuou quarenta dias e quarenta noites e nada comeu além de meio pão...

Por ter sido o verídico servo de Cristo, monsior São Francisco, em certas coisas, quase um outro Cristo dado ao mundo para a salvação dos homens, Deus Pai o quis fazer em muitas ações conforme e semelhante a seu filho Jesus Cristo; como no-lo demonstrou no venerável colégio dos doze companheiros, e no admirável mistério dos sagrados estigmas e no prolongado jejum da santa Quaresma, que fez deste modo.

Indo por uma feita S. Francisco, em dia de carnaval, ao lago de Perusa, à casa de um seu devoto, onde passou a noite, foi inspirado por Deus para observar aquela Quaresma em uma ilha do dito lago.
Pelo que S. Francisco pediu àquele devoto, pelo amor de Cristo, o levasse em sua barquinha a uma ilha do lago, onde não habitasse ninguém, e isto fizesse na noite de Quarta-feira de Cinzas sem que nenhuma pessoa o percebesse; e ele, pelo amor da grande devoção que tinha a S. Francisco, solicitamente atendeu-lhe ao pedi-lo e o transportou à dita ilha: e S. Francisco só levou consigo dois pãezinhos.
E, chegando à ilha e o amigo partindo para voltar a casa, S. Francisco lhe rogou por favor que não revelasse a quem quer que fosse a sua permanência na ilha e só o fosse procurar na Quinta-feira Santa; e assim o outro se foi. E S. Francisco ficou sozinho: e ali não havendo habitação em que ficasse, entrou num bosque muito copado, no qual muitos espinheiros e arbustos se reuniam a modo de uma cabana ou de uma cova, e naquele lugar se pôs em oração e a contemplar as coisas celestiais.
E ali passou toda a Quaresma sem comer nem beber, além da metade de um daqueles pãezinhos, conforme o que encontrou o seu devoto na Quinta-feira Santa, quando o foi procurar: o qual achou dois pãezinhos, um inteiro e outro pela metade.
E a outra metade acredita-se S. Francisco ter comido em reverência ao jejum do Cristo bendito, que jejuou quarenta dias e quarenta noites sem tomar nenhum alimento material.
E assim, com aquele meio pão, expulsou de si o demônio da vanglória e, a exemplo de Cristo, jejuou quarenta dias e quarenta noites. E depois, naquele lugar, onde S. Francisco fizera tão maravilhosa abstinência, realizou Deus muitos milagres pelos méritos dele; pela qual coisa começaram os homens a edificar casas e habitá-las; e em pouco tempo construiu-se um bom e grande castelo e houve um convento de frades, o qual se chama o convento da Ilha; e ainda os homens e mulheres daquela aldeia têm grande reverência por aquele lugar, onde S. Francisco passou a dita Quaresma.



Em louvor de Cristo. Amém.


(I Fioretti de São Francisco de Assis. Capitulo 07.)



Quaresma: O Jejum de São Francisco de Assis e de São Romano







Francisco foi um homem de Oração e jejum. O seu jejum era extremo ao ponto de sofrer por falta de alimento. Certa vez chegou a fazer uma Quaresma inteira de Jejum. Tinha no Jejum uma fonte de vida espiritual. Buscava no jejum uma intimidade com o Senhor.

Muitos anos antes de Francisco, São Romano Melodista (? – c. 560), compositor de hinos, escreveu um belo texto sobre o jejum:





"Entrega-te, minha alma, ao arrependimento; une-te a Cristo pela razão e, gemendo, grita: Concede-me o perdão das minhas faltas, para que de Ti receba, Tu só que és bom (Mc 10,18), a absolvição e a vida eterna. [...]

Moisés e Elias, essas torres de fogo, foram grandes nas suas obras. [...] Foram os primeiros de entre os profetas a falar livremente a Deus e a comprazer-se em d'Ele se aproximar para Lhe rezar e falar face a face (Ex 34,6; 1Rs 19,13), facto admirável e incrível, e, apesar disso, não deixaram de recorrer ao jejum, que os unia a Deus (Ex 34,28; 1Rs 19,8). Assim, tal como as obras, o jejum conduz à vida eterna.


Pelo jejum são os demónios afastados como pela espada, porque lhe não suportam os benefícios: o que eles adoram são a folia e a embriaguez. Por isso, ao olharem o rosto do jejum, não podem tolerá-lo e fogem para bem longe, como nos ensina o Senhor nosso Deus: «estes demónios podem ser expulsos pelo jejum e pela oração» (Mc 9,28 Vulg.). É por isso que o jejum nos traz a vida eterna. [...]


O jejum devolve aos que o seguem a habitação paterna donde Adão foi expulso. [...] Foi o próprio Deus, o amigo dos homens (Sb 7,14 Vulg.), que confiou o homem ao jejum como a uma mãe extremosa ou a um mestre, tendo-o proibido de provar apenas duma árvore (Gn 2,17).


Tivesse o homem observado esse jejum e viveria para sempre com os anjos. Ao rejeitá-lo, causou para si a dor e a morte, a fereza dos espinhos e das silvas, e a angústia duma vida dolorosa (Gn 3,17ss.) Ora, se o jejum se revelou proveitoso no Paraíso, quanto mais o não será neste mundo para nos proporcionar a vida eterna!"




Oração: Senhor Jesus. Desejo viver esta Quaresma voltado para o seu projeto em minha vida. O meu próximo sofrido, as minhas limitações carnais, as minhas inquietações, serão o alvo do meu jejum. Me ajude a depender unicamente da graça e utilizar o meu Jejum como meio de Graça para viver de acordo com a sua santa vontade. Senhor Jesus. Necessito unicamente de ti. salva-me e ajuda-me a viver santamente. Amém.